Rafael Kato
"Tesouros da Terra Santa - Do Rei David ao Cristianismo" é a nova exposição em cartaz no Masp. As peças exibidas vieram do Museu de Israel, em Jerusalém, e procuram reconstruir os cenários imortalizados pela Bíblia e pelas centenas de livros e filmes que retratam o período. Caminhando pelo Masp, o ?explorador? poderá se deparar com moedas milenares, uma pedra com referências a Pôncio Pilatos e até uma reconstrução de como seria o ambiente da Santa Ceia, com copos e pratos usados no período. Alguns objetos servem como prova de que os eventos bíblicos realmente podem ter acontecido. Outros contradizem as informações contidas nos versículos do Velho Testamento.
A primeira incongruência entre a evidência histórica e a religião está na entrada da exposição. A estela ? monólito de um só bloco com inscrição ou desenhos ? faz referência ao assassinato de Acazias, rei de Judá, por Hazael, rei dos arameus. Só que o relato bíblico, em 2 Reis 9:24-27, diz que o assassino foi Jehu, rei de Israel. Infelizmente, o objeto em exposição é uma réplica da original.
Luiz Calina, coordenador geral da exposição, explica que alguns objetos não saem de Israel, dado suas fragilidades, raridade e distância em relação ao Brasil. No entanto, Calina ressalta: ?A exposição traz um conceito inédito em nível mundial, já que nunca foi feito algo parecido com o mesmo período histórico?.
O coordenador lembra também que as 150 peças, cerca de 150 toneladas, tiveram a sorte de virem para o Brasil no período em que o Museu de Israel está fechado para visitação, pois em um período normal, trazer os objetos para o país seria impossível.
A primeira parte da exposição segue com objetos do período israelita (1000 a.C. - 586 a.C.), destaque para as representações humanas feitas pelos judeus deste período, apesar da proibição do texto bíblico. A explicação está no fato de que estas representações não eram feitas com o intuito de adoração.
A exposição segue com o Período do Segundo Templo (538 a.C. - 70 d.C), construído por Herodes, o Grande. O destaque é para um busto de Alexandre da Macedônia. Nesta mesma seção, encontra-se o didático exemplo do ?meio shekel?, a moeda de prata que deveria ser doada ao Templo, exibindo o ?dinheiro? que era usado no período.
Jesus
Boa parte de ?Tesouros da Terra Santa? é dedicado a objetos da época de Jesus. Nunca foi encontrado algum artefato que provasse sua existência e a exposição revela esta dificuldade.
São três ossuários que trazem nomes como Maria, escrito em grego, e Jesus, escrito em aramaico, ou seja, a prova de que estes nomes eram comuns na Palestina, por volta do ano 0. Do mesmo modo, jarros usados para armazenamento de vinho e copos e pratos utilizados para cear são muito diferentes daqueles, posteriormente, retratados pelas instituições religiosas.
As peças mais importantes são aquelas que provam a existência de contemporâneos de Jesus, mas não dele: uma pedra com menção a Pôncio Pilatos, prefeito da Judéia, e o ossuário de Caifás, que, no relato Bíblico, condena Jesus à morte.
?Respeitando determinadas coisas não comprováveis, a bíblia é sim um documento histórico?, afirma Calina. Ele também explica que os achados arqueológicos geralmente falam de uma época, e não de um personagem. Daí a importância das peças expostas.
Outro item de destaque é a réplica da única prova da existência da crucificação: um tornozelo preso junto a um prego. Vale lembrar que, mais uma vez, o artefato não prova a existência de Jesus e nem que ele foi pregado em uma cruz. Mas comprova uma prática no período em que teria vivido.
Lado a lado O Período Bizantino ( 70 d.C. ? 640 d.C) é a última parte da exposição e traz a reconstrução de uma igreja do século VI e objetos parecidos de Cristãos e Judeus. A menorá, candelabro de sete braços, símbolo do judaísmo, muitas vezes era feita pelo mesmo artesão que esculpia a cruz em mármore.
Para se ter uma idéia da proximidade entre judaísmo e cristianismo, a palavra grega ?eclésia?, com significado de assembléia, era usado no início deste período tanto para designar sinagoga como a igreja cristã.
?Nós temos as duas religiões procurando seus caminhos. Cada uma delas, usando algo de nosso tempo, buscavam como fazer seu marketing, sua identificação?, afirma Calina.
A primeira incongruência entre a evidência histórica e a religião está na entrada da exposição. A estela ? monólito de um só bloco com inscrição ou desenhos ? faz referência ao assassinato de Acazias, rei de Judá, por Hazael, rei dos arameus. Só que o relato bíblico, em 2 Reis 9:24-27, diz que o assassino foi Jehu, rei de Israel. Infelizmente, o objeto em exposição é uma réplica da original.
Luiz Calina, coordenador geral da exposição, explica que alguns objetos não saem de Israel, dado suas fragilidades, raridade e distância em relação ao Brasil. No entanto, Calina ressalta: ?A exposição traz um conceito inédito em nível mundial, já que nunca foi feito algo parecido com o mesmo período histórico?.
O coordenador lembra também que as 150 peças, cerca de 150 toneladas, tiveram a sorte de virem para o Brasil no período em que o Museu de Israel está fechado para visitação, pois em um período normal, trazer os objetos para o país seria impossível.
A primeira parte da exposição segue com objetos do período israelita (1000 a.C. - 586 a.C.), destaque para as representações humanas feitas pelos judeus deste período, apesar da proibição do texto bíblico. A explicação está no fato de que estas representações não eram feitas com o intuito de adoração.
A exposição segue com o Período do Segundo Templo (538 a.C. - 70 d.C), construído por Herodes, o Grande. O destaque é para um busto de Alexandre da Macedônia. Nesta mesma seção, encontra-se o didático exemplo do ?meio shekel?, a moeda de prata que deveria ser doada ao Templo, exibindo o ?dinheiro? que era usado no período.
Jesus
Boa parte de ?Tesouros da Terra Santa? é dedicado a objetos da época de Jesus. Nunca foi encontrado algum artefato que provasse sua existência e a exposição revela esta dificuldade.
São três ossuários que trazem nomes como Maria, escrito em grego, e Jesus, escrito em aramaico, ou seja, a prova de que estes nomes eram comuns na Palestina, por volta do ano 0. Do mesmo modo, jarros usados para armazenamento de vinho e copos e pratos utilizados para cear são muito diferentes daqueles, posteriormente, retratados pelas instituições religiosas.
As peças mais importantes são aquelas que provam a existência de contemporâneos de Jesus, mas não dele: uma pedra com menção a Pôncio Pilatos, prefeito da Judéia, e o ossuário de Caifás, que, no relato Bíblico, condena Jesus à morte.
?Respeitando determinadas coisas não comprováveis, a bíblia é sim um documento histórico?, afirma Calina. Ele também explica que os achados arqueológicos geralmente falam de uma época, e não de um personagem. Daí a importância das peças expostas.
Outro item de destaque é a réplica da única prova da existência da crucificação: um tornozelo preso junto a um prego. Vale lembrar que, mais uma vez, o artefato não prova a existência de Jesus e nem que ele foi pregado em uma cruz. Mas comprova uma prática no período em que teria vivido.
Lado a lado O Período Bizantino ( 70 d.C. ? 640 d.C) é a última parte da exposição e traz a reconstrução de uma igreja do século VI e objetos parecidos de Cristãos e Judeus. A menorá, candelabro de sete braços, símbolo do judaísmo, muitas vezes era feita pelo mesmo artesão que esculpia a cruz em mármore.
Para se ter uma idéia da proximidade entre judaísmo e cristianismo, a palavra grega ?eclésia?, com significado de assembléia, era usado no início deste período tanto para designar sinagoga como a igreja cristã.
?Nós temos as duas religiões procurando seus caminhos. Cada uma delas, usando algo de nosso tempo, buscavam como fazer seu marketing, sua identificação?, afirma Calina.
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