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domingo, 29 de janeiro de 2012

O Rei Salomão e a Rainha de Sabá

Para que o clero e o povo lhe deixassem em paz, o Rei Salomão decidiu que a melhor maneira era presentear-lhes com um magnífico Templo, em substituição do antigo de Silo, que na realidade era uma tenda na qual era guardada a Arca Santa, tradicionalmente, desde os tempos de Abrahão.
A construção do novo templo que traria muitas conseqüências, até nossos dias, pois resulta que foi construído não pela mão de obra e arquitetos judeus, mas por especialistas fenícios, enviados por Hiram, rei de Tiro, integrados em uma irmandade "esotérica" todavia viva em nossos tempos e denominada "Maçonaria", que a si mesmos denominam "filhos da cidade" de Hiram.
Em matéria de religião, Salomão tinha uma mentalidade "abominável", pois para ele todos os deuses eram bons se o ajudavam em seus propósitos; de forma que depois de ter edificado o Templo aos judeus, em Jerusalém também fez edificar templos a Astarte, a deusa do amor, a Milcom, e a outros deuses de todos os povos com os quais estava em relações.
Um rei com mil esposas
Quanto a mulheres, sua primeira esposa foi uma egípcia, filha do faraó Siamon, da XXI dinastia; mas em seguida as coisas transbordaram um pouco, pois manifesta-se que o piedoso rei reuniu em seu harém nada menos que a 1.000 esposas mais, 700 oficiais e 300 concubinas, todas elas estrangeiras e de todas as raças, importadas e pagas a preço de ouro.
O episódio da visita que a rainha de Saba fez a Jerusalém, mais que nada para certificar-se se a fama do explendor e sabedoria do monarca era merecida, carece de importância enquanto ao conseguinte pressumível idílio que pode ser desenvolvido, enquanto que a teve e a tem por razão de duas notícias reveladoras: a que indica a presença geográfica da rainha e a que sugere o tipo de sabedoria que ela e Salomão possuiam. O texto bíblico relata assim as coisas: "Depois de terminado o Templo, o rei Salomão construiu também uma frota em Esionguéber (hoje Aqaba), que está junto a Elat, sobre a margem do Mar Vermelho, no país de Edom. Com essa frota enviou Hiram a seus servos, marinheiros, peritos na navegação, juntamente com os servos de Salomão. Foram a Ofir, de onde tiraram quatrocentas e vinte moedas de ouro que trouxeram ao rei Salomão". Onde estava Ofir?
De onde chegou o ouro?
Obviamente devia ser um país civilizado e produtor de ouro, ao qual se chegava navegando desde o Mar Vermelho, verdadeiramente localizável na costa oriental da África. Etiópia, como tradicionalmente foi sugerido? É muito pouco provável, já que a exploração de ouro neste país é modestíssima e dependente das minas de Sidamo, francamente pobres. Somália? Impossível, pois carece de minas de ouro. Quênia? Com relação a ouro, estamos no mesmo caso que a Etiópia. Tanzânia? E o mais provável, já que com Moçambique, Zâmbia, Zimbabwe e Transvaal nos encontramos em uma ampla região riquíssima em ouro, e com exploração mineira desde a mais remota antiguidade, sobretudo na zona da desembocadura do rio Limpopo ao sul de Moçambique, onde os portugueses encontraram o reino de Monomotapa, isto é do "Senhor das Minas".
Portanto, quase seguramente, a rainha de Saba deveria ser a "Senhora das Minas", e, por suas características raciais, ou negra ou bantú ou hotentote, ou melhor uma "amarela da África". Localizado Ofr, perguntemo-nos como os servos de Hiram e de Salomão conseguiram trazer o ouro de que fala a Bíblia. Por intercâmbio comercial ou pirataria? Mistério, ainda que, talvez, seja mais verossímil a segunda hipótese. É uma absoluta tonteira supor que a "Senhora das Minas" fizesse um gracioso presente assim de bom grado a alguns marinheiros porque eram "servos do famosíssimo rei Salomão".
Salomão e a rainha de Saba
O texto bíblico, em certo sentido, dá margem para conjecturar como acabamos de fazer, pois diz: "a rainha de Saba teve notícia da fama que Salomão havia adquirido pela glória do Senhor, e veio provar-lhe com enigmas. Chegou, pois, a Jerusalém com um séquito muito grande, com camelos que traziam especiarias aromáticas, muitíssimo ouro e pedras preciosas. E foi ver Salomão, com o qual falou de tudo o que havia em seu coração. Salomão respondeu a todas as perguntas: não houve coisa que fosse desconhecida ao rei, da qual não pudesse dar solução. Ao ver a rainha de Saba toda a sabedoria de Salomão, o Templo que havia edificado, os manjares de sua mesa, a maneira de servir de seus criados e os trajes deles, seus copeiros, e os holocaustos que oferecia na Casa do Senhor, ficou atônita e disse ao rei Salomão: "Verdade é o que ouvi dizer em minha terra com relação a ti e de tua sabedoria. Eu não acreditava no dito antes de ter vindo e de tê-lo visto com meus próprios olhos; e eis aqui que não haviam me contado nem sequer a metade. Tua sabedoria e tua prosperidade são maiores do que eu havia ouvido. Ditosa sua gente, ditosos estes teus servos, que de contínuo estão em tua presença e ouvem tua sabedoria! Bendito seja o Senhor, teu deus, que foi complacente em ti e te colocou sobre o trono de Israel! Porque o Senhor ama eternamente a Israel, e ele te constitui rei para que faças juízo e justiça".
Os presentes da rainha
Em seguida presenteou ao rei cento e vinte moedas de ouro, enorme quantidade de especiarias aromáticas e pedras preciosas. Nunca mais veio tanta quantidade de especiarias aromáticas como a que a rainha de Saba deu ao rei Salomão. A frota de Hiram que trazia ouro de Ofir, trouxe também muitíssima quantidade de madeira de sândalo e de pedras preciosas... O rei Salomão deu à rainha de Saba tudo quanto ela quis e tudo quanto pediu sem contar o que além disso recebeu da régia generosidade de Salomão. Depois voltou e regressou a seu país, acompanhada de seus servidores".
Dizíamos que o relato bíblico dava margem para supor que o resultado da primeira expedição foi de pirataria, porque a atitude da rainha de Saba está claríssima: haviam me contado "maravilhas" de ti e de "teu saber". De que saber? simplesmente teórico?
E o que podiam saber os ofirianos do saber teórico de Salomão? Naturalmente não iam acreditar como "grosseiros" os contos dos marinheiros de Hiram e dos "marinheiros" de Salomão. Deveriam ter alguma prova experimental, deveriam ter sofrido alguma "amostra prática" do poder da "sabedoria de Salomão e de seu deus o Senhor". De que gênero? Não se trataria de alguma ao São Jorge ou Santiago valentão" ante litteram? Derrotados e depredados, os súditos da rainha teriam, segundo a mentalidade própria de suas crenças animistas, "reconhecido" o grande "poder enfeitiçador do grande rei" e a superioridade da "força" (Senhor) que lhe obedecia. O qual, traduzido a linguagem de então, seria expressado assim: a sabedoria de Salomão é grande porque grande é o poder de sua "palavra" que "move" ao Senhor. No contexto do animismo, "sábio" é o "senhor das palavras mágicas", é o "grande feiticeiro".
Sabedoria e magia?
Dali a fama de que fala a rainha de Saba e sua curiosidade para comprovar até que ponto era grande a "magia" de Salomão, sua "sabedoria". Não se trata de forçar o sentido do texto bíblico, mas de explicitá-lo, para que se entenda o que significava, e significa, para os animistas, a sabedoria e o poder da sabedoria; a rainha de Saba não foi a Jerusalém movida por uma curiosidade intelectual ou teológica, foi para "comprar", com seus ouros e pedras preciosas e especiarias, essa "sabedoria", não para converter-se à religião de Israel, depois de ter colocado à prova diretamente o "nommo" de Salomão. Não fez em vão sua viagem, porque naturalmente Salomão foi um autêntico venerador de todas as artes e tecnologias capazes de produzir "prodígios", um singular colecionador de "fórmulas", nada preocupado de torná-las repugnantes aos procedentes dos "idólatras" para comprazer aos teólogos. Salomão, em questão de mulheres e de saberes, não tinha prejuízos, e se para conseguir efeitos mágicos fazia falta dar culto a deuses e demônios exóticos, não andava com precauções: sem mais construia os templos precisos, seguro que o Senhor não se enfadaria por isto, pois a ele lhe dava o seu.
Os interesses da rainha africana
A rainha de Saba, seguramente, pertencia à cultura negra, independentemente de seus antecedentes raciais, porque sua atitude de deslocar-se para Jerusalém para ver se conseguia os segredos mágicos de um deus estrangeiro poderoso, é tipicamente expressiva da mentalidade que todavia ostentam os africanos com relação aos deuses estrangeiros. Os estudam, experimentam seu "poder" e se julgam que são efetivos, sem mais, os incorporam a seu panteão. Dali a insistência da rainha de Saba em interrogar a Salomão e seu ficar atônita pelas respostas e efetividade do que era conseguido no "Templo" com os ritos e "sacrifícios" que ali eram empregados. Que tipo de cerimônias podiam produzir prodígios que deixaram atônita a rainha? Não é muito difícil intuí-lo, vista a fama de grande feiticeiro e bruxo que Salomão deixou à posteridade, sem faltar à sua memória de "grande rei bíblico".
O agradecimento em ouro, especiarias e pedras preciosas que a rainha deixou por ter sido "instruída" nos mistérios do todo-poderoso Senhor seria uma ingenuidade supor que foi pago a lições teológicas. Foi para conhecer a um "grande senhor da palavra" e para aprender sua arte de "obter poder e prosperidade" com o auxílio de um "grande deus". De passagem, Salomão aproveitou para encontrar-se também com algum deus que completasse sua coleção, pois a rainha não ia sem nenhum, obviamente; seguro que em seu séquito figuraria algum "competentíssimo" senhor da palavra, dono de fórmulas desconhecidas no hemisfério boreal, de forma que o concílio ecumênico de "alta sabedoria" deve ter resultado sumamente satisfatório para os participantes de ambas as latitudes.
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O Templo de Salomão - Uma viagem em 3 dimensões
5 minutos - Animação 3D


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